claudemir pereira

A divisão que há, de fato, no MDB. E a possível consequência por aqui

Semana passada, em seu encontro estadual, em que foi lançada a plataforma a partir da qual será construído o plano de governo do partido para o pleito de 2022, o MDB deixou clara a sua divisão. Que não necessariamente redundará em problema, mas é evidente que há potencial para isso.

Que se diga: em Santa Maria não é diferente. Setores estaduais estão cá representados mais ou menos na mesma medida ainda que, talvez, de forma mais discreta - porque em nível de decisão mais restrito.

E qual o dissenso? Simplificadamente, se pode afirmar haver duas vertentes distintas e bastante claras.

Uma é a que defende, na medida do possível, uma aliança com o PSDB de Eduardo Leite. E, claro, com o emedebismo na cabeça da chapa. Para pessoalizar, pode-se dizer que seus principais representantes são o presidente do MDB/RS, deputado federal Alceu Moreira, e o presidente da Assembleia, deputado estadual Gabriel Souza. Aliás, um ou outro, nesse caso, é candidatíssimo a compor a chapa no principal cargo.

Até onde se sabe, é minoritária em Santa Maria. Mas apenas porque não definida. Poucos duvidam, entre os ouvidos (e que preferem não se identificar), de adesão completa, se essa for a posição afinal vitoriosa no MDB gaúcho.

A outra vertente - contrária a acordo com tucanos - é defendida por setores ditos históricos na agremiação e, mais particularmente, também por integrantes do governo de José Ivo Sartori, que antecedeu o atual, comandado por Eduardo Leite, do PSDB. E que, aparentemente, é a que mais angaria apoio em Santa Maria.

Além do próprio Sartori, que tem reiteradamente dito não pretender disputar, o único nome forte citado é o de Cezar Schirmer, ex-prefeito de Santa Maria, ex-deputado, ex-secretário de Estado e atualmente vereador da Capital, onde exerce função no Secretariado de Sebastião Melo.

E agora? E na Boca do Monte?

Primeiro: há convicção de que dificilmente haverá a prévia no MDB, inicialmente marcada para 19 de fevereiro. Até lá, algum tipo de acordo haverá e se erigirá uma candidatura. A improvável: Sartori. A mais possível: Alceu Moreira ou Gabriel Souza.

Segundo: a quietude do PSDB santa-mariense não é só porque inexiste posição. Mas é certo que, se o caminho da aliança for o definido pelo tucanato, a aceitação virá - especialmente se o candidato for Moreira ou Souza. Inclusive por que, com isso, a opção obviamente indesejada não se dará. Sim, o partido de Jorge Pozzobom se sentiria desconfortável em fazer campanha para Cezar Schirmer. Que se afirme: a recíproca é verdadeira.

Em tempo: de certo, nisso tudo, é que PSDB e MDB ficarão enroscados pelo menos mais dois meses na indefinição. Que, talvez, se resolva com a prévia emedebista. Taaalvez.

Os finalmentes de Burman e Schuch na UFSM

NOS FINALMENTES - A qualquer momento, até mesmo já poderá ter ocorrido neste instante, entre a elaboração e a publicação da coluna, a UFSM terá novo reitor nomeado. E este será, sim, Luciano Schuch (foto). Que, depois, como manda o regramento, nomeará Marta Adhaime como vice-reitora para um período de quatro anos. Ambos, como se sabe, listados em 1º e 2º lugares, pelos conselhos superiores da instituição.

Como sempre, haverá a posse no Ministério da Educação, em Brasília, junto ao ministro Milton Ribeiro. Depois, a transmissão de cargo, no campus de Camobi, provavelmente dia 26 - a depender do ato anterior, no MEC. Esse é o rito histórico e legal e que, certamente, não se modificará.

MUITAS PLACAS - De todo modo, até que essa formalidade ocorra, com seus dois atos, o reitor ainda é Paulo Burmann (foto), que encerra o segundo mandato à frente da principal universidade federal do interior do Brasil.

E o que ele fará (junto com seu ainda vice, Schuch)? Sim, isso mesmo, uma série de inaugurações e solenidades, com direito a (imagina-se) descerramento de placas e/ou corte de fita simbólica.

No início da semana, inclusive, uma agenda desses atos foi divulgada. E começa já nesta segunda-feira, com a inauguração de um prédio do Centro de Ciências da Saúde (CCS), a ser utilizado principalmente pelo curso de Fonoaudiologia.

Há eventos semelhantes marcados para terça-feira e quarta e, na quinta à tarde, o fecho, com uma cerimônia de, digamos, inauguração coletiva de um punhado de laboratórios e outras instalações, inclusive no campus de Frederico Westphalen.

Vamos combinar, nada mais típico de fim de mandato do que isso. Ou não?

Até início de abril se saberá quais partidos irão se federar

Em manifestação na quarta-feira, o ministro do Supremo, Luís Roberto Barroso validou a lei que cria as federações partidárias. Mais: definiu o prazo máximo em que as siglas precisam se unir, se for o caso, para concorrer em 2022 (e 2024, de vez que as uniões valerão obrigatoriamente por quatro anos). Até 2 de abril, seis meses antes do próximo pleito, tudo terá de estar definido.

De todo modo, os partidos estão discutindo isso de forma bastante objetiva, ainda que "nas internas". Pouco tem vazado dos debates. Que se dão em nível nacional, mas com repercussão local.

Exemplo: o vereador Werner Rempel, que faz parte da direção estadual e nacional do PC do B, disse que em janeiro a situação deverá evoluir. O que não disse é que há conversas com PSB e PT. Aliás, esta semana vazou a informação de que esses últimos estariam em adiantada fase de negociação. Será, mesmo?

De todo modo, é evidente que o papo há. Um exercício: se PT, PSB e PC do B se unirem nacionalmente (longe está de impossível), em Santa Maria, vejam só, gostando ou não, estariam no mesmo barco no próximo ano e especialmente na disputa municipal de 2024, figuras como Paulo Pimenta, Valdeci Oliveira, Fabiano Pereira, Werner Rempel. Sim, todos juntos. E misturados. A menos que alguém mude de partido, claro. Em quatro meses se saberá.

LUNETA

NA ESQUINA

Políticos, os mais preparados ao menos, pensam estrategicamente. Daí porque há partidos e militantes imaginando não apenas o pleito de 2022, mas o de 24 e até 26. Entre os que se enquadram nessa linha está, apenas para exemplificar, o emedebista Roberto Fantinel. Sim, pode apostar, o pleito municipal está ali na esquina, apenas coisa de meia dúzia de metros depois de 22. Pode apostar!

CIVILIDADE

Na semana passada, em visita ao Estado para a convenção de seu partido, o Podemos, o ex-juiz federal Sérgio Moro fez visita ao governador Eduardo Leite, do PSDB. Isso terá algum significado além da própria cortesia? Não. E sim. Se o ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro for ao segundo turno do pleito presidencial, certamente buscará o apoio do grão-tucano gaúcho. Alguém duvida?

PROFISSIONAIS

Pelo menos três graúdos da política pátria, todos se dedicando 24 horas por dia à causa, pré-candidatos a presidente, são assalariados de seus partidos. A saber: Luiz Inácio Lula da Silva (R$ 30,4 mil mensais), Ciro Gomes (R$ 26,5 mil) e Sergio Moro (R$ 22 mil). São salários brutos pagos respectivamente por PT, PDT e Podemos. Que se diga: outras siglas também pagam os dirigentes que atuam em tempo integral.

MUTANTE?

Que se diga: na trajetória política do militante Marion Mortari só há dois pontos que se pode falar "fora da curva". Foi do PP ao PSD e agora flerta com o Podemos. Todos partidos do centro para a destra. Nesse tempo, apoiou a petista Dilma Rousseff no segundo turno de 2014 e foi parceiro de Luciano Guerra, na disputa à prefeitura, ano passado. Ah, não se sabe se ele concorre em 2022. Nem por qual sigla.

PARA FECHAR!

Uma pergunta recorrente logo após o depoimento, no júri popular dos réus da Kiss, do ex-prefeito de Santa Maria à época da tragédia: qual o tamanho político de Cezar Schirmer, a partir de agora? Da cerca de meia dúzia de observadores com os quais o colunista assuntou, nenhum se atreveu a avançar. Ainda assim, foi consenso que, provavelmente, saiu como entrou. Isto é, do mesmo tamanho.

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